A Mitsubishi Motors do Brasil (MMB), empresa que tem como sócio majoritário o empresário brasileiro Eduardo de Souza Ramos, vai construir uma unidade de motores em Catalão (GO), ao lado da fábrica de veículos.
Todos os modelos feitos no Brasil passarão a ter motor nacional. Com a nacionalização, a empresa terá maior autonomia em relação à matriz no Japão e ficará menos vulnerável a fatores externos, como o terremoto ocorrido em março. A tragédia provocou a suspensão da produção de várias fábricas de componentes no País e já afeta indústrias brasileiras, como Toyota e Honda.
A Mitsubishi, por enquanto, segue operando normalmente, mas precisou trazer componentes do Japão por avião, com custos bem superiores em relação ao transporte marítimo, que leva em média 40 dias para chegar ao País. A empresa tem peças para operar até o fim de maio e ainda não sabe como será a programação a partir de junho.
A fábrica de motores está incluída em um programa de investimento de R$ 1 bilhão para o período 2010-2015, que inclui quase duplicar a capacidade da fábrica - de 180 para 300 unidades ao dia, em um turno - e a produção de novos veículos. Um deles é o utilitário-esportivo Pajero Dakar, que começou a ser produzido neste mês em substituição à versão importada do Japão.
O outro será o crossover ASX, que também substituirá o modelo japonês a partir do segundo semestre de 2012. A picape L200, já produzida no Brasil, ganhará novas versões. A novidade mais esperada é um sedã da linha Lancer, o primeiro automóvel da marca a ser feito no País, ainda sem data definida para início de produção. Antes, ele chegará via importação.
Fatia
O presidente da MMB, Robert Macedo Soares Rittschter, disse que uma das metas é ampliar a participação da marca nas vendas brasileiras dos atuais 1,5% para mais de 2% nos próximos quatro anos. "Vamos sair de vendas de 46 mil unidades em 2010 para 100 mil", disse. Este ano, ele projeta vendas de 50 mil veículos.
Depois de permanecer vários anos na 10.ª posição no ranking brasileiro de fabricantes, a Mitsubishi perdeu espaço para as coreanas Hyundai e Kia e caiu para a 12.ª posição.
"A Mitsubishi faz parte de um processo que vai beneficiar o Estado como um todo", disse o governador de Goiás, Marconi Perillo, que ontem participou do anúncio oficial do investimento da Mitsubishi. O governo estadual e a prefeitura vão fornecer benefícios fiscais e infraestrutura para a ampliação da unidade.
O montante a ser aplicado no projeto virá de capital próprio, informou Rittschter. A Mitsubishi do Brasil é a única do grupo japonês que opera independente, sem a participação da matriz, que apenas fornece componentes para montagem dos veículos e recebe royalties pela transferência de tecnologia.
A ampliação da fábrica, inaugurada em 1998, vai gerar mil empregos diretos. Hoje, emprega 3,3 mil pessoas na produção dos modelos L200 Outdoor e Triton e Pajeto TR4 e Dakar. Os modelos Pajero Full, Outlander, ASX e Lancer Evolucion X são importados do Japão.
Rittschter lembrou que, há 12 anos, a fábrica tinha 60 funcionários e muitas dúvidas sobre seu futuro. "Todos os nossos concorrentes diziam que era uma loucura ir para um Estado tão distante", lembrou. Agora, disse ele, com a ampliação, a fábrica atrairá novos fornecedores de peças e outras empresas.
Disputa
O anúncio dos investimentos da Mitsubishi, em Catalão, ajudou a encerrar uma disputa intensa com a cidade vizinha para conquistar outra montadora japonesa. A Suzuki, que também tem como sócio o empresário Souza Ramos, será construída em Itumbiara, conforme autoridades locais. O anúncio oficial deve ocorrer na próxima semana. Inicialmente, a empresa vai produzir o jipe compacto Jimny. |