Os estaleiros navais de Gdansk, na Polônia, estão a fazer uma revolução, ao tornarem-se a primeira estrutura de construção naval a transformar-se para fazer uma aposta num segmento de mercado que se quer emergente - a energia eólica offshore.
Há trinta anos os estaleiros navais de Gdansk, na Polônia, foram palco de um movimento histórico que permitiu o aparecimento do primeiro sindicato independente do bloco soviético, o emblemático Solidariedade. Agora, estão a apostar em fazer uma nova revolução.
O processo de readaptação que devem sofrer os estaleiros navais de toda a Europa têm sido alvo de estudo por parte da União Europeia, havendo muitos especialistas a apontar para a indústria eólica como uma das portas de saída para esta indústria, que tem enfrentado a concorrência asiática.
É o caso de Sérgio da Fonseca, que foi conselheiro para a indústria da representação permanente de Portugal (Reper) na UE, que defendeu ao PÚBLICO ser essa uma das soluções para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), o único estaleiro de construção de navios oceânicos do país. O ministro da Defesa adiou para Setembro as decisões sobre a reestruturação dos ENVC, que fecharam 2010 com prejuízos de 40 milhões de euros e acumulam um passivo que quase chega aos 200 milhões. Hoje mesmo o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, deve reunir-se com o secretário de Estado da Defesa para
transmitir a "preocupação" da comunidade com a situação dos estaleiros da cidade e propor alternativas de negócio.
Enquanto que em Viana todas as hipóteses poderão estar ainda em estudo, os primeiros passos daquilo que pode ser uma "revolução" estão, de novo, a ser dados na Polónia e nos estaleiros de Gdansk. Já foi criada uma nova empresa, a GSG Towers, detida pelo Estado polaco e por investidores ucranianos, que já está a dar resposta a algumas encomendas.
O vice-presidente desta empresa, Thomas Gaardbom, disse acreditar estarem reunidas muitas das condições necessárias para que o desafio que enfrentam venha a conduzir a uma aposta bem-sucedida. Para além das metas europeias de produção de energia limpa, agendadas para 2020, existe já a saturação do mercado alemão nas eólicas onshore, e que o único desenvolvimento que pode acontecer nesta área é a energia offshore. "Estamos a tentar posicionar-nos para esse mercado de offshore", assumiu Gaardbom. Os estaleiros de Gdansk beneficiam de uma localização privilegiada no acesso às rotas marítimas através do Báltico.
(Público pt/Luísa Pinto e Portos e Navios)
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